Logistica Reversa

Guia Completo do Decreto 12.688/2025: A Nova Logística Reversa de Embalagens Plásticas no Brasil

Logística reversa de embalagens plásticas: o que muda com o Decreto 12.688/2025

O Decreto Federal nº 12.688, de 21 de outubro de 2025, regulamenta a logística reversa de embalagens plásticas no Brasil. Ele detalha a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010 , para o caso específico das embalagens plásticas, instituindo um sistema obrigatório de logística reversa.

Fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes passam a ter responsabilidades claras e metas progressivas de recuperação e reciclagem até 2040. Este guia completo detalha o que muda, quem é responsável e o que sua empresa precisa fazer para garantir o compliance ambiental e transformar essa obrigação em uma vantagem estratégica.


O Brasil gera cerca de 11,3 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, mas recicla apenas uma fração desse total, segundo dados compilados pela WWF Brasil. (Relatório WWF – Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico) .

Para enfrentar esse desafio, foi publicado o Decreto Federal nº 12.688/2025, estabelecendo um sistema robusto de logística reversa com o objetivo de impulsionar a economia circular no país.

Mais do que apenas “reciclagem”, o Decreto estrutura um modelo de responsabilidade compartilhada, com metas de recuperação, índices de conteúdo reciclado, integração com cooperativas de catadores e uma rigorosa exigência de comprovação de resultados.

A seguir, detalhamos os pontos essenciais dessa nova regulamentação.

1. O que entra (e o que fica de fora) na logística reversa de embalagens plásticas

O escopo do Decreto 12.688/2025 é bem definido para focar nos resíduos que mais impactam o ambiente urbano. Ele se aplica a:

  • Embalagens de plástico primárias, secundárias e terciárias;
  • Produtos de plástico equiparáveis, como pratos, copos e talheres descartáveis, que são encontrados na fração seca dos resíduos sólidos urbanos.

O foco está claramente nas embalagens e produtos plásticos que, após o uso pelo consumidor, se tornam lixo urbano pós-consumo, provenientes de domicílios, comércios e serviços.

Ficam de fora do Decreto 12.688/2025

Entre os itens que não entram no escopo do Decreto, destacam-se:

  • Embalagens de produtos que já possuem regulamentação específica de logística reversa, como eletroeletrônicos, medicamentos, agrotóxicos, óleos lubrificantes, entre outros;
  • Embalagens mistas que contenham papel ou papelão em sua composição.

E o resíduo B2B?

O resíduo estritamente industrial (B2B), que é gerenciado fora do sistema de limpeza urbana, não é o alvo direto deste Decreto.

Nesses casos, as empresas devem continuar seguindo as obrigações gerais da Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevista na Lei nº 12.305/2010 , e outras normas de gestão de resíduos, como:

  • uso do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR);
  • destinação adequada dos resíduos gerados;
  • controles internos de geração, armazenamento e envio para tratamento ou reciclagem.

Contudo, se a sua empresa fabrica ou importa produtos com embalagens plásticas que chegam ao consumidor final, mesmo que a venda seja B2B, essas embalagens entram na lógica da logística reversa de embalagens plásticas prevista no Decreto 12.688/2025.

2. Responsabilidades no ciclo da logística reversa

O Decreto 12.688/2025 institui uma cadeia de responsabilidades que abrange todos os elos do ciclo de vida do produto. As obrigações são compartilhadas, para garantir a eficácia do sistema.

Tabela – Responsabilidades dos agentes

AgentePrincipais obrigações
Fabricantes e importadores• Estruturar e financiar o sistema de logística reversa (individual ou coletivo);
• Cumprir as metas de recuperação e de conteúdo reciclado;
• Garantir a reciclagem ou destinação ambientalmente adequada dos materiais.
Distribuidores e comerciantes• Disponibilizar pontos de entrega voluntária (PEVs) ou outras formas de coleta;
• Apoiar ações de educação ambiental para os consumidores.
Consumidores• Descartar corretamente as embalagens nos PEVs ou na coleta seletiva;
• Separar os resíduos de forma adequada para facilitar a reciclagem.

Em termos práticos:

  • Fabricantes e importadores: estruturam, financiam e sustentam economicamente o sistema de logística reversa, individualmente ou por meio de sistemas coletivos.
  • Distribuidores e comerciantes: funcionam como pontos de apoio, oferecendo PEVs, facilitando a coleta e reforçando a comunicação com o consumidor.
  • Consumidores: fazem a separação e o descarte correto das embalagens, condição essencial para que a logística reversa funcione na ponta.

3. Metas e comprovação na logística reversa de embalagens plásticas

O Decreto 12.688/2025 estabelece metas anuais e crescentes até 2040 para dois indicadores principais:

  1. Índice de Recuperação
    Percentual da massa total de embalagens plásticas colocadas no mercado que deve ser efetivamente recuperada.
  2. Índice de Conteúdo Reciclado
    Percentual de material reciclado que deve ser incorporado nas novas embalagens plásticas produzidas.

O cumprimento dessas metas deve ser comprovado de forma rigorosa por meio de:

  • Notas fiscais eletrônicas, comprovando a movimentação e a venda dos materiais recuperados e reciclados;
  • Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), registrando o transporte e a destinação dos resíduos;
  • Nos casos de sistemas coletivos, certificados de destinação emitidos por operadores e entidades gestoras, comprovando a reciclagem e a recuperação dos materiais.

Anualmente, as empresas ou entidades gestoras deverão apresentar um relatório de resultados no SINIRSistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos , que servirá como base para o monitoramento e avaliação do sistema de logística reversa das embalagens plásticas.

O não cumprimento das obrigações sujeita os participantes às sanções previstas na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) e demais normas aplicáveis, o que pode incluir multas que chegam a valores milionários, além de outras penalidades administrativas e, em situações específicas, responsabilização por crime ambiental.

4. Como a LEMA pode apoiar sua empresa

Serviço LEMA para Logística Reversa – A LEMA realiza a seleção da legislação aplicável em matéria de logística reversa para a realidade da sua empresa, avaliando atividade, localização e tipo de produto. A partir dessa leitura técnica, desdobramos os requisitos legais em obrigações claras, no padrão LEMA, indicando o que a empresa deve fazer e quais evidências manter (documentos, registros, relatórios, contratos etc.) para demonstrar o atendimento em auditorias, licenças e inspeções. Tudo isso é organizado e registrado no sistema LEMA, facilitando o acompanhamento das obrigações legais relacionadas à logística reversa ao longo do tempo.

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5. Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Meu produto é embalado em plástico. O Decreto se aplica a mim?

Sim. Se a embalagem plástica do seu produto chega ao consumidor final e é descartada como resíduo sólido urbano, sua empresa está sujeita às obrigações do Decreto 12.688/2025, independentemente de suas vendas serem B2B ou B2C.

2. Como posso comprovar a conformidade com as metas?

A comprovação é feita por meio de:

  • Notas fiscais eletrônicas relacionadas à recuperação e reciclagem;
  • Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR);
  • Em sistemas coletivos, certificados de destinação emitidos por operadores e entidades gestoras.

Os resultados devem ser reportados anualmente no SINIR, conforme previsto na regulamentação.

3. Qual é a multa por não cumprimento?

As sanções são as previstas na Lei nº 9.605/1998 e em sua regulamentação, podendo incluir:

  • Multas que chegam a valores milionários;
  • Outras penalidades administrativas;
  • E, em certos casos, a possibilidade de responder por crime ambiental, dependendo da gravidade da infração.

4. Pequenas empresas também estão obrigadas a cumprir o Decreto?

Sim. O Decreto 12.688/2025 se aplica a todas as empresas que colocam embalagens plásticas no mercado.

No entanto, a implementação pode ser feita por meio de modelos coletivos de logística reversa, que diluem custos e complexidade operacional, tornando a adesão viável para empresas de todos os portes.

Conclusão: um passo rumo à sustentabilidade

O Decreto 12.688/2025 representa um avanço significativo na regulamentação ambiental brasileira, transformando a gestão de resíduos plásticos em uma responsabilidade compartilhada e em um dos pilares da economia circular.

Para as empresas, estar preparadas não significa apenas evitar riscos legais e financeiros. Significa também:

  • Fortalecer a reputação da marca;
  • Inovar no design de produtos e embalagens;
  • Antecipar as tendências de um mercado cada vez mais consciente e exigente.

Ao estruturar a logística reversa de embalagens plásticas de forma estratégica, a conformidade ambiental deixa de ser apenas uma obrigação e se torna uma oportunidade real de competitividade e sustentabilidade para o negócio.

Referências

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